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Alta de custos de produção já afeta a próxima safra de arroz e soja

Deni Zolin e Joyce Noronha

Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Os produtores estão em fase de preparação do solo para começar o plantio do arroz irrigado e da soja, mas encontram alguns problemas pelo caminho por conta da alta expressiva do dólar. A valorização da moeda norte-americana aumentou muito os preços dos principais insumos, como óleo diesel, adubos e agrotóxicos, pois são importados ou cotados em dólar. Para a produção de arroz, a dificuldade é maior porque parte dos produtores está endividada.

O Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) está projetando uma redução de 6,5% na área plantada de arroz em todo o Estado devido aos baixos preços do grão e aos altos custos para preparar e manter a lavoura. Já a Emater estadual prevê área plantada 2,3% maior de soja em todo o Estado.

Para o município de Santa Maria, segundo o chefe do escritório local da Emater, Guilherme Godoy dos Santos, a expectativa é que a safra 2018/2019 apresente mais produtividade em comparação aos anos anteriores. Santos diz que a estimativa de plantio do arroz irrigado é de 7.630 hectares, com produtividade de 7,5 mil quilos por hectare, ou 150 sacas. Com esta base, a previsão é que Santa Maria produza 1,14 milhão de sacas de arroz na próxima safra.

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Já para a cultura da soja, a previsão de plantio é de 49.350 hectares em Santa Maria, com estimativa de rendimento de 3,2 mil quilos por hectare, ou 54 sacas. De acordo com Santos, apesar dos números parecem altos e da expectativa de ter uma safra melhor que a do ano passado, Santa Maria tem potencial para melhorar estes números.

- Prevemos que a produtividade seja maior que a de anos anteriores. Estimamos esta produtividade por causa da melhoria da capacidade técnica dos agricultores, que estão cada mais equipados. Mas pode evoluir muito ainda, sem necessariamente aumentar a área de plantio. Com manejo adequado das culturas, o agricultor pode reduzir custos da lavoura e aumentar a produtividade - afirma o chefe do escritório municipal da Emater.

Sobre as questões climáticas, Santos avalia que a previsão é boa para as lavouras de soja e arroz irrigados, que não se adaptam bem a muitos dias chuvosos ou nublados.

CULTURAS

Santos explica que a soja e o arroz irrigado são as culturas de maior expressão agrícola de Santa Maria, mas diz que existem outras produções que também ganham espaço no cenário, como a melancia, que estima o plantio de 60 a 70 hectares. O chefe do escritório da Emater em Santa Maria explica que a cultura permite ao produtor ter um bom valor agregado com a venda dos frutos.

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Outra produção que tem área expressiva em Santa Maria é a mandioca, que deve ter cerca de 420 hectares de plantio na safra 2018/2019.

PREÇOS PREOCUPAM, MAS EXPECTATIVA CRESCE

O produtor de arroz irrigado e soja Tiago Bolzan, 31 anos, de Restinga Sêca, diz que a alta do dólar, nesta época do ano, complica um pouco o planejamento da safra, pois os insumos também elevaram muito os preços.

Ele conta que a saca do adubo para o arroz irrigado era adquirido no ano passado por R$ 55, mas este ano subiu para R$ 82. Uma diferença de R$ 27 por saca. Segundo Bolzan, são cerca de 70 a 75 hectares de plantação de arroz irrigado. Ele também percebeu aumento no valor dos agrotóxicos, mas com menor diferença.

Além destes insumos, essenciais para a plantação, Bolzan conta que precisou fazer a manutenção de máquinas e avalia que os preços das peças também estavam bastante elevados.

- Mas ainda é mais barato do que comprar uma máquina nova - justifica o agricultor.

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Apesar da alta de preços, Bolzan acredita que, se tudo for como o planejado, a produtividade da safra será boa e estima igualar ou ampliar de 5% a 10% em relação à colheita passada.

- Estamos otimistas. Se for como imaginamos, se o tempo colaborar, vai ser uma boa safra - diz ele.

O agricultor conta que a produção da propriedade é familiar e, além dele, trabalham nas lavouras o pai, Hedio Luiz Bolzan, 66 anos, e o tio, Eroni Pedro Bolzan, 68. Então, não há custos com funcionários que entrem na tabela de gastos da propriedade.

Sobre as vendas, o produtor diz que não tem contrato com uma empresa, mas já possui clientes de longa data, como a Cerealista São Miguel, que compra os grãos da família Bolzan conforme demanda.

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